quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Vampiros em alta



No cinema, na televisão e na literatura, os lendários mortos-vivos voltaram a fazer sucesso. Agora eles são modernos e mais sociáveis



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GUERRA E SANGUE Cena do filme Van Helsing (2003) e o livro do quadrinista Mike Mignola, Baltimore e o vampiro, em que um soldado tem toda a sua família morta por sanguinárias “criaturas das trevas”

Os vampiros estão de volta. De tempos em tempos uma onda de histórias protagonizadas por estes mortos-vivos invade as tevês, livrarias e cinemas. Na década de 90 estrearam dois grandes blockbusters, Drácula, de Francis Ford Copolla, e Entrevista com o vampiro, de Neil Jordan, e teve até uma novela das sete, da Rede Globo, intitulada Vamp e protagonizada por uma família de vampiros. A atual revoada de monstros alados tem na liderança o filme Crepúsculo, que acaba de estrear no Brasil e é uma adaptação do livro homônimo que fez um estrondoso sucesso e foi escrito pela americana Stephenie Meyer. O romance foi editado em 32 países, vendeu mais de 25 milhões de exemplares e conquistou uma legião de fãs. No Brasil, as vendas alcançaram 180 mil exemplares (está em terceiro lugar na lista de best-sellers do País). Já o filme faturou, nos EUA, US$ 150 milhões em três semanas – mais do que o suficiente para pagar o seu baixo custo (em torno de US$ 40 milhões). O vampiro-protagonista criado pela autora americana é Edward Cullen (Robert Pattinson), o belo filho adolescente de uma longeva família de mortos-vivos que em sua evolução substituiu o sangue humano pelo animal e assim pode compartilhar a vida em sociedade com os não-vampiros sem se tornar o seu predador. São demônios do bem, que se cansaram das trevas e desejam viver no mundo dos vivos.

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Essa parece ser uma tendência dos vampiros modernos e é notada também nos protagonistas do seriado americano True blood, de Allan Ball (mesmo diretor de A sete palmos), que já está sendo exibido no Brasil pela HBO. Baseada na sequência de livros de Charlaine Harris intitulada Sookie stackhouse (Southern vampire), na série os vampiros desenvolveram um tipo de sangue artificial que lhes permite viver em harmonia com os seres humanos sem jamais cair em tentação. A protagonista Sookie (Anna Paquin) não é vampira, mas se apaixona por um com quem passa a namorar. E o assunto é tratado com naturalidade. Numa passagem da série, a avó de Sookie insiste para que Bill (Stephen Moyer), namorado-vampiro de sua neta, vá à universidade dar uma palestra sobre a guerra civil americana. Afinal, se ele tinha mais de 200 anos, vivera pessoalmente aquele período. Mas, se o filme Crepúsculo é romântico e não apresenta cenas violentas ou avança na sensualidade, o seriado da tevê tem cenas fortes de assassinatos e conflitos étnicos. Há um serial killer que abomina os vampiros e procura eliminálos. Nos EUA o seriado estreou com audiência modesta de apenas 1,4 milhão de telespectadores – em três meses esse número subiu para quatro milhões.

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LASCIVO Nosferatu (1922), de F. W. Murnau, foi criado no pós-guerra. Drácula (1992, abaixo), dirigido por Francis Ford Copolla, investe na sensualidade, na lascívia e no poder de sedução do vampiro

MOMENTOS DE VAMPIRISMO

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ATUAL True blood (abaixo), exibido no canal HBO, tem romance e violência como todo filme de vampiro, mas também diverte o público com rock, humor e algumas gafes

A caçada aos vampiros remete aos primórdios da história desse demônio das trevas que deu origem a clássicos como o livro Drácula, de Bram Stoker, e o filme Nosferatu, de F. W. Murnau (1922). É esse o espírito do mais recente lançamento literário sobre o tema. Trata-se de Baltimore e o vampiro (Editora Amarilys, 291 págs., R$ 43), que conta a trajetória de um homem vitimado por uma criatura do mal que passa o resto de seus dias perseguindoo pelo mundo. O enredo envolve elementos das antigas histórias de morcegos maléficos. Assim como em Nosferatu, seriam os vampiros os causadores das grandes pestes que aniquilaram populações de cidades inteiras. O livro é de autoria de dois gênios no que diz respeito a monstros e poderes sobrenaturais, o quadrinista Mike Mignola, de Hellboy, e o escritor Christopher Golden. Na aterrorizante história, os autores transformam os humanos em coautores da carnificina promovida pelos vampiros ao responsabilizá-los pelas intermináveis guerras. Numa passagem do livro, há o seguinte diálogo: “Por que os mortos se levantaram para atormentar os vivos?”, perguntou Henry Baltimore à malévola criatura alada. O vampiro balançou a cabeça: “Foram vocês que nos invocaram com suas guerras. O rugido dos seus canhões nos atormentou no silêncio de nossos túmulos. Seus assassinos. Agora, vocês não se livrarão mais de nós.” Seguindo a tendência mundial, a produção nacional também tem seus vampiros. Trata-se da novela Os mutantes, da Rede Record, em que uma epidemia faz com que algumas pessoas se transformem em demônios, como o jovem Draco

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